quarta-feira, 22 de abril de 2020

O ASTEROIDE


O ASTEROIDE

 


Na estrela Alfa Centauro, a mais próxima da terra, existiu o mais belo de todos os planetas do universo. Esta vizinha ilustre está a quatro anos-luz de distância dos humanos. O viajante deverá percorrer somente 38 trilhões de quilômetros para alcançar os limites daquele planeta.




Há alguns milhares de anos, neste planeta banhado por dois sóis, os habitantes viviam numa sociedade harmoniosa. Os continentes do planeta possuíam oceanos cristalinos, lagos e rios límpidos. A flora era de uma pureza divina. Dia sem noite e eternamente banhado pelas luzes de duas estrelas. O povo era desprovido de ciúme, ódio, ira, inveja, rancor, doença, intolerância e ambição. O sistema de governo era emanado de um conselho de sábios com representatividade das cidades-estados, através de células denominadas núcleos geradores de competências. Assim, existiam inúmeros núcleos, tais como: produção de alimentos, produção da educação e cultura, produção tecnológica, produção hídrica, entre outros.



Este sistema foi baseado nos estudos filosóficos de dois sábios, cujos nomes eram Platônico e Aristo. A filosofia fora construída sobre as questões do ser, agir e pensar. Os filólogos de lá nunca se depararam com as palavras tirania, pobreza, demagogia, guerras, oligarquia e exclusão social. Aquela raça era verdadeiramente feliz e sábia.



Um belo dia, uma nave espacial pousou naquele mundo maravilhoso. Os cosmonautas, oriundos do planeta Terra, ficaram impressionados com aquela grandeza, pureza e sabedoria. Eles precisavam contar para os governantes terráqueos o que haviam encontrado. Era preciso informar que Platão e Aristóteles estavam certos. Aquele modelo seria a salvação da raça terrena. Não foi possível. Os centaurianos destruíram a espaçonave, de modo a não permitirem possibilidade de contato.



O tempo passou e os viajantes terráqueos desencarnaram daquele mundo. Não se passou muito tempo, um vírus misterioso começou a contaminar a população daquele planeta. Os mais jovens começaram a adquirir sintoma de ciúme, ódio, ira, inveja, rancor, doenças, intolerância e ambição. Centenas de anos depois, aquele paraíso tornou-se o inferno da galáxia.



Dizem que Deus, ao ver a proliferação das guerras, da exclusão social e da ambição desmesurada, irou-se com as atitudes mesquinhas daquela raça. Os sofredores, de tanto clamar por Deus, decidiram aderir à religião da classe dominante, que pregava a impossibilidade da existência do Ser Supremo. Um dia, o Pai Celestial decidiu aplicar o castigo divino. Os astrônomos detectaram no espaço, um corpo celeste viajando em direção ao planeta. Os cientistas concluíram que era enorme as chances de uma colisão. O tempo para medidas preventivas era curto. Em suma, aquela raça estava fadada a uma catástrofe de elevadas proporções.



O corpo celeste foi implacável e milhões de vidas pereceram naquele evento apocalíptico. Os poucos que restaram para contar a história, concluíram que o vírus fora trazido pelos terráqueos e, assim, teria contaminado todo o planeta. Os sobreviventes reforçaram suas convicções em Deus. Ele realmente existia, pois a classe dominante aprendeu a dividir a riqueza com os menos favorecidos.