sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O SURGIMENTO DO VALE DO SILÍCIO - SILICON VALLEY

O VALE DO SILÍCIO

O Vale do Silício, nos EUA, é uma região onde predomina empresas de tecnologia em eletrônica e informática. É uma referência mundial quando se trata de inovações científicas e tecnológicas, além de ser pauta dos especialistas em empreendedorismo. Esse polo de tecnologia está localizado no estado da Califórnia, nas cidades de Palo Alto, Santa Clara e San José. Algumas das empresas localizadas no Vale do Silício: Apple, Facebook, Google, HP, Microsoft, entre outras.

Sem aprofundar-me nas raízes históricas, o excelente estudo “Histórico da Indústria de Private Equity (PE) e Venture Capital (VE) da ABDI e FGV, afirma que as primeiras sementes da indústria de PE foram semeadas nos EUA no fim do século XIX quando o país iniciou o seu desenvolvimento como uma nação e economia integrada. Os escritórios que administravam o capital de famílias ricas realizavam investimentos diretos em ações de novas empresas. E quem eram essas famílias? Os Rockefellers, Vanderbilts, Philppes, dentre outras, que construíram fortunas no petróleo, ferrovias, etc (BYGRAVE e TIMMONS, 1992). Recomendo assistir o documentário “Gigantes da Indústria” produzido pelo History Channel. Discorre a trajetória empreendedora de Cornellius Vanderbilt (ferrovias), John Rockefeller (petróleo), Andrew Carnegie (aço), J.P Morgan (banco, siderurgia, energia, etc) e Henry Ford (automóvel) para uma maior compreensão do fenômeno do empreendedorismo e da pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.

No referido estudo, uma fato chamou-me a atenção. Em 1934, Karl Compton, presidente do MIT[1] propôs um programa denominado “coloque a ciência para funcionar”. Ele defendia que a ciência devia gerar negócios. Essa iniciativa desencadeou várias ações, sendo que uma delas foi à criação de um grupo de empresários, políticos e acadêmicos de New England, USA, que compuseram o Comitê de Novos Produtos para examinar como novas tecnologias poderiam reverter o declínio da indústria têxtil na região. Além de Karl Compton, também foi nomeado Georges F. Doriot , professor de Harvard. O comitê concluiu que havia capital disponível para novos empreendimentos, mas havia lacunas em organização e em técnicas adequadas de avaliação de oportunidades de novos negócios.

Esta digressão remete-nos a uma reflexão sobre as discussões sobre pesquisa, desenvolvimento e inovação no nosso país. Temos um longo caminho a percorrer. Muito dinheiro escoa pelos ralos da incompetência política e gerencial e a inovação fica pelo caminho, se é que existe.

Bom, e o Vale do Silício? Segundo o estudo, em 1957, um evento foi fundamental na evolução da indústria de capital de risco e reforçou a importância da formação de arranjos de pessoas e ativos em torno de um dos maiores clusters[2] tecnológicos do mundo. Foi neste ano que oito cientistas deixaram o Laboratório Schockley (um dos inventores do transistor e que havia se instalado na Califórnia) e se depararam com Sherman Fairchild, de família rica, inventor e maior acionista individual da IBM. Fairchild aportou US$ 1,5 milhão nos engenheiros e formou Fairchild Semiconductor, com a opção de comprar a companhia de volta por US$ 3 milhões. Após o êxito do empreendimento, os oito engenheiros se desligaram da Fairchild; entre eles, estavam Robert Noyce e Gordon Moore, que deixaram a fabricante de transistores para criar uma nova companhia para desenvolver e fabricar memória de semicondutores.  O resto é história!

O excelente estudo da ABDI e FGV afirma: “É bem possível que não existisse o Vale do Silício se não fosse pela formação da Fairchild Semiconductor. Estas oito mentes brilhantes teriam se dispersado ao invés de se juntarem novamente para formar a Intel”.

E, por aqui, ainda continuamos a discussão: “Onde está o nosso Vale do Silício?

Ah, sabe o que vi na minha última viagem futurística? No encrave das montanhas mineiras, vi a maior universidade em gestão, tecnologia e educação do país - era o ano de 2064.


Jaci Alvarenga

 Escritor, Professor e Desbravador de Negócios e Oportunidades.


Fonte: ABDI e FGV: A indústria do Privaty Equity e Venture Capital: 2º censo brasileiro. 2011- 1ª edição.




[1] Massachussets Institute of Technology (MIT)
[2] Concentração de empresas em um local com características semelhantes e de competências