O VALE DO SILÍCIO
O Vale do Silício, nos EUA, é uma
região onde predomina empresas de tecnologia em eletrônica e informática. É uma
referência mundial quando se trata de inovações científicas e tecnológicas,
além de ser pauta dos especialistas em empreendedorismo. Esse polo de
tecnologia está localizado no estado da Califórnia, nas cidades de Palo Alto,
Santa Clara e San José. Algumas das empresas localizadas no Vale do Silício:
Apple, Facebook, Google, HP, Microsoft, entre outras.
Sem aprofundar-me nas raízes
históricas, o excelente estudo “Histórico da Indústria de Private Equity (PE) e Venture Capital (VE) da ABDI e FGV, afirma
que as primeiras sementes da indústria de PE foram semeadas nos EUA no fim do
século XIX quando o país iniciou o seu desenvolvimento como uma nação e
economia integrada. Os escritórios que administravam o capital de famílias
ricas realizavam investimentos diretos em ações de novas empresas. E quem eram
essas famílias? Os Rockefellers, Vanderbilts, Philppes, dentre outras, que
construíram fortunas no petróleo, ferrovias, etc (BYGRAVE e TIMMONS, 1992).
Recomendo assistir o documentário “Gigantes da Indústria” produzido pelo History Channel. Discorre a trajetória
empreendedora de Cornellius Vanderbilt (ferrovias), John Rockefeller
(petróleo), Andrew Carnegie (aço), J.P Morgan (banco, siderurgia, energia, etc) e Henry Ford (automóvel) para uma
maior compreensão do fenômeno do empreendedorismo e da pesquisa e
desenvolvimento de novas tecnologias.
No referido estudo, uma fato chamou-me
a atenção. Em 1934, Karl Compton, presidente do MIT[1]
propôs um programa denominado “coloque a
ciência para funcionar”. Ele defendia que a ciência devia gerar negócios.
Essa iniciativa desencadeou várias ações, sendo que uma delas foi à criação de
um grupo de empresários, políticos e acadêmicos de New England, USA, que
compuseram o Comitê de Novos Produtos para examinar como novas tecnologias
poderiam reverter o declínio da indústria têxtil na região. Além de Karl
Compton, também foi nomeado Georges F. Doriot , professor de Harvard. O comitê
concluiu que havia capital disponível para novos empreendimentos, mas havia
lacunas em organização e em técnicas adequadas de avaliação de oportunidades de
novos negócios.
Esta digressão remete-nos a uma
reflexão sobre as discussões sobre pesquisa, desenvolvimento e inovação no
nosso país. Temos um longo caminho a percorrer. Muito dinheiro escoa pelos
ralos da incompetência política e gerencial e a inovação fica pelo caminho, se é que existe.
Bom, e o Vale do Silício? Segundo o
estudo, em 1957, um evento foi fundamental na evolução da indústria de capital
de risco e reforçou a importância da formação de arranjos de pessoas e ativos
em torno de um dos maiores clusters[2]
tecnológicos do mundo. Foi neste ano que oito cientistas deixaram o Laboratório
Schockley (um dos inventores do transistor e que havia se instalado na
Califórnia) e se depararam com Sherman Fairchild, de família rica, inventor e
maior acionista individual da IBM. Fairchild aportou US$ 1,5 milhão nos
engenheiros e formou Fairchild
Semiconductor, com a opção de comprar a companhia de volta por US$ 3
milhões. Após o êxito do empreendimento, os oito engenheiros se desligaram da Fairchild; entre eles, estavam Robert
Noyce e Gordon Moore, que deixaram a fabricante de transistores para criar uma
nova companhia para desenvolver e fabricar memória de semicondutores. O resto é história!
O excelente estudo da ABDI e FGV
afirma: “É bem possível que não existisse o Vale do Silício se não fosse pela
formação da Fairchild Semiconductor.
Estas oito mentes brilhantes teriam se dispersado ao invés de se juntarem
novamente para formar a Intel”.
E, por aqui, ainda continuamos a
discussão: “Onde está o nosso Vale do Silício?
Ah,
sabe o que vi na minha última viagem futurística? No encrave das montanhas
mineiras, vi a maior universidade em gestão, tecnologia e educação do país -
era o ano de 2064.
Jaci Alvarenga
Escritor, Professor e Desbravador de Negócios
e Oportunidades.
Fonte:
ABDI e FGV: A indústria do Privaty Equity
e Venture Capital: 2º censo
brasileiro. 2011- 1ª edição.