quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

ENFRENTE AS MUDANÇAS


              No livro La Fontaine e o comportamento humano[1], ditado pelo espírito Hammed, fábulas são histórias fictícias que simulam verdades, tem sempre fundo moral ou didático, envolvem frequentemente animais falantes ou divindades e, muitas vezes, apresentam feição humorística.
            Hammed escreve que o mais antigo fabulista foi Esopo, escravo que viveu na Grécia no século VI antes de Cristo. Um de seus seguidores foi Jean de La Fontaine (1621 – 1695) nascido de Château- Thierry, na França. La Fontaine aprendeu os hábitos e costumes corriqueiros de uma centena de animais. Dotado de rica personalidade, era nas suas fábulas que ele se superava. Publicou doze livros no período de 1668 e 1694.
           
           Conheça um pouco da obra de Jean de La Fontaine.

Os Coelhos – Discurso ao senhor Duque de La Rochefocauld.

             Observando as ações dos homens, cada dia me convenço de que elas se assemelham às dos animais. E pra comprovar minha teoria, exemplifico com uma história que aconteceu comigo.
            Tendo saído para uma caçada, de tocaia no galho da árvore, vi um coelho distanciado dos outros. Atirei nele e matei-o. O estampido fez com que todos os coelhos que estavam por perto fugissem rapidamente e procurassem segurança em cavidades subterrâneas.
            Mas, dali a pouco, os coelhos voltaram à superfície e continuaram suas vidinhas alegres e corriqueiras, esquecidos do perigo que há pouco os assustara.
            Não age assim também a espécie humana? Ameaçados por uma tempestade, os homens procuram proteção num “porto seguro”, colocando em segurança a sua vida. No entanto, passado o perigo, eles se expõem novamente a outros temporais, quem sabe até mais violentos.
            E para reforçar minha argumentação, cito ainda outro exemplo:
            Quando os cães passam por territórios estranhos aos que lhes são costumeiros, provocam a ira dos animais locais que, a latidos e dentadas espantam os supostos invasores por pressentirem neles uma ameaça aos seus domínios.
            Os homens se assemelham aos cães quando atacam o que é novo por medo de serem por ele substituídos. Segundo a lógica dos seres humanos de vida trivial, quando menos inovação, melhor.
            Assim acontece também com os escritores. Dizem os mais antigos; “Abaixo o novo autor”. Que haja ao redor do bolo o mínimo de sócios. Essa é a regra do jogo e dos negócios.
            Tolos são os homens! Não vêem eles que, passado o primeiro impacto as coisas se acomodam? O novo ganho seu espaço muitas vezes sem invadir o espaço alheio. E dali a algum tempo, findo o sabor da novidade, tudo se ajeita. Até que apareça outra inovação e a história se repita.
E vós, aquém este discurso se dirige; vós, em que a modéstia à grandeza se alia; que vosso nome receba aqui uma homenagem do tempo e dos censores pelo justificado e merecido louvor.

            Leitor, diante das mudanças, enfrenta-as sem criticá-las.

Abraços,

Prof. Jaci Alvarenga



[1] HAMMED (espírito). La Fontaine e o comportamento humano. Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto. Nova Editora. Catanduva. São Paulo. 2007.