quinta-feira, 17 de maio de 2012

EIS AÍ TODA A EDUCAÇÃO


                Existem belas definições sobre educação, mas recorro-me a Madame de Staël para apresentar-lhes uma definição que faz pensar. Disse ela: Saber sentir: eis aí toda a educação. Quando ingressei no belo mundo da educação, eu era um simples neófito e precisava sentir e vibrar, pois o novo descortinava-se à minha frente. Inicialmente, atuei como conselheiro empresarial para jovens candidatos a empreendedores. Entretanto, para despertar nos jovens universitários a importância do empreendedorismo para o nosso país, percebi que era necessário inovar nas formas de abordagens. Sou um privilegiado, pois freqüentei os bancos universitários mais de uma vez; portanto, sei da importância em valorizar a participação dos alunos nos eventos e programas universitários.
Neste contexto, aprimorei e desenvolvi vários programas voltados para a difusão do empreendedorismo. Entre eles destaco os seguintes:
1.                          Concurso “Os Melhores Planos de Negócios”. É preciso acenar com a cenoura para o participante. Sugiro que a premiação seja robusta. Não entendeu? Dinheiro. Todavia, você vai dizer-me que a sua instituição não possui recursos financeiros para bancar a premiação. Busque parceiros apoiadores.
2.                          Programa de Milhagem. A luta dos coordenadores educacionais para motivar a participação dos alunos num evento é algo insano. As instituições de ensino promovem eventos grandiosos, convidando palestrantes renomados e autores de artigos científicos para abrilhantar o evento; no entanto, na semana do evento, bate uma ansiedade taquicardíaca, pois poderá não haver platéia para prestigiar os convidados especiais.  Neste contexto, desenvolvi este programa, cujo objetivo é gerar milhas (na forma de pontos) para os alunos que participam em cada evento ligado, por exemplo, ao tema empreendedorismo. Quando ele acumular determinado número de milhas, ganhará um bônus, do tipo: descontos em cursos de extensão, horas complementares, brindes, entre outros. O resultado surpreenderá você.
3.                          Olimpíada do Empreendedor. Ao longo do ano, os alunos sofrem nos bancos escolares. Assim, uma gincana sobre empreendedorismo, durante dois dias, vai agitar o campus e despertar curiosidade da comunidade acadêmica. Busque apoiadores para o evento, distribua prêmios, dê equivalência de freqüência e horas complementares.
4.               Consultório Empresarial. Leitor, se a sua instituição tiver uma incubadora de empresas, contrate um executivo com vasta experiência profissional para dar conselhos para os candidatos a empreendedores. O executivo será o clínico geral do mundo dos negócios. Quando a demanda for específica, por exemplo, finanças, ele se transforma em um especialista (equivalente ao médico especialista) e resolve o problema do paciente (o empreendedor).

Paralelamente a esta experiência, abracei a instigante carreira de professor; nela, percebi que era possível ousar em sala de aula. Você, graduado em Administração ou você que ainda está nos bancos universitários, imagine uma aula de Teoria Geral da Administração. Dá um sono só em pensar, não? Pois bem, esta disciplina é a minha cachaça favorita. Decidi procurar um tira-gosto para acompanhá-la. Achei-o na forma de um Teatro Empresarial. Os alunos formam suas equipes, elaboram o roteiro e dramatizam os conteúdos estudados ao longo do ano. É um momento sublime, de risos e muita emoção. A criatividade, a originalidade e a inovação brotam de maneira fantástica.
Mas isto não é tudo. Durante os bimestres, os alunos efetuam dramatizações rápidas (5 minutos) sobre o conjunto de conteúdos discutidos em sala de aula. Abaixo, apresento-lhes um pequeno fragmento de uma atividade efetuada com base num exercício proposto por BATEMAN & SNELL (2004)[1]. Após debatermos todas as teorias clássicas, efetuo um sorteio entre as equipes para que preparem uma apresentação sobre o seguinte tema: Meu conselho para administrar empresas ou pessoas nos dias de hoje é...
Cada equipe deve preparar a apresentação, encarnando um papel, por exemplo: um escravo dos tempos da construção das pirâmides, Frederick Taylor, Henry Fayol, um empresário do ano 3000, entre outros. Abaixo, apresento-lhes fragmentos do texto de uma das equipes[2]:

Lembro-me de ir ter ido dormir, logo após o pôr do sol. Não sei como explicar o que aconteceu, mas quando acordei tudo estava diferente; de acordo com as pessoas estou o século XXI. [...] estou assustado, não reconheço mais o mundo de hoje. Tudo está sendo destruído [...]. Onde foi que o mundo se perdeu tanto?
Os princípios e os valores não são os mesmos; felicidade só se possui com dinheiro e bens; o trabalho é mais valorizado do que a família.
Lembro-me do tempo que tínhamos orgulho em servir ao Faraó. Trabalhávamos sem que um só homem ficasse exausto; íamos para casa com boa disposição [...]. Agradecíamos por mais um dia com a família. E hoje vejo essas empresas maravilhosas criadas em pouco tempo, com estruturas exuberantes [...] e aos empregados que a meu ver não passam de maquinas programadas apenas para determinada função: o lucro.
Essa será a função do homem no futuro? Perder seus princípios, seus valores, porque se for isto não quero estar presente. [...].
Sinto muito pelo desabafo, mas é isto, o fim está próximo, o futuro é o fim, o passado é onde tudo começou só precisamos encontrar o nosso erro e tentar mudar agora, pois amanha poderá ser irreversível.

Amigas e amigos, provocar reflexões, sentir e vibrar são os pilares que sustentam e elevam a motivação de milhões de jovens espalhados pelas salas de aula do nosso imenso país. Eis aí toda a educação.

Abraços,

Prof. Jaci Alvarenga



pt-br.facebook.com/professorjaci



[1] BATEMAN, T. S.; SNELL, SCOTT A. (2004): Administração: Construindo Vantagem Competitiva. São Paulo: Atlas.

[2] Texto da equipe da aluna Raissa Caroline Dantas do 1º Ano ADM do Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação –FAI (adaptado).

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