segunda-feira, 4 de julho de 2011

INOVAÇÃO – NOVOS TEMPOS DOS VELHOS TEMPOS

Ingressei no mercado de trabalho em 1979. Tempos difíceis. O caos econômico estava presente, não havia investimentos, a inflação trotava e, tínhamos convicção de que ela iria se transformar num animal de arrancada final – a égua galopante. Emprego era coisa rara. As empresas que viviam à custa das empresas estatais sofriam, porém, eram ineficientes.

Planos econômicos tornavam-se a panacéia dos males da combalida economia a cada seis meses. Por falar em panacéia, continuávamos a importar técnicas gerenciais que haviam dado certo em outros países. Eis que surge a “Qualidade Total” como um tônico para revigorar os processos e produtos das empresas brasileiras. Ah, tempos bons! Consultores ganhavam rios de dinheiro para prescrever o maravilhoso remédio japonês num país que ainda não tinha completado quinhentos anos. A seguir, a norma ISO 9000, outro remédio importado, espalhou-se pelo mundo empresarial. Acredito que, realmente, as pequenas e médias empresas tiraram algum proveito, sobretudo, no que se refere à organização e métodos. Parabenizo Max Weber (in memorian) pelos seus maravilhosos estudos sobre a Burocracia. Dela, creio eu, a ISO 9000 tem muito em comum. Novos tempos dos velhos e bons tempos!

A globalização trouxe a bordo mais uma ferramenta de gestão – a reengenharia. Outra onda toma conta do mercado de consultoria empresarial. A ordem era “reengenheirar”. Nos últimos tempos, a inovação é o que temos de mais novo e moderno para impulsionar nossas empresas no ambiente competitivo e globalizado. Por falar em inovação, voltemos um pouco no tempo.

O grande mestre Peter Drucker, em 1959, publicou o primeiro ensaio sobre o futuro: Fronteiras do Amanhã[1]. Segundo Lodi (1973, p149), o foco central do livro não é mais o que acontece dentro da Administração, mas fora dela, em seu ambiente social. O livro focaliza as grandes mudanças sociais que dão à sociedade uma característica pós-moderna. Esse mundo novo caracteriza-se pela inovação em ritmo vertiginoso e por um novo conceito de organização social [...] A inovação é o fenômeno mais importante e tem um impacto espetacular sobre os costumes humanos. Drucker chama a atenção para o risco de ser surpreendido pela inovação, o risco do malogro da inovação e, o pior de todos, segundo ele, o risco do êxito da inovação.

Ora, nos dias atuais, a inovação é o tema da moda. A chama está acesa e parece uma tocha mágica iluminando os rumos das empresas para o sucesso. Sim, acredito que a inovação é um dos pilares de competitividade, mas não podemos deixar de beber nas fontes da história, pois de novo nada tem esta moda atual.

Leitores, não se trata de uma crítica. Estou convicto de que os modismos importados são e serão importantes no processo de transformação do nosso novíssimo país. Preocupo-me com o esquecimento das fontes históricas que, além de consistentes foram efetivamente fundamentadas teoricamente, sendo que muitos consultores não tem dado o devido crédito autoral.


Prof. Jaci Alvarenga



[1] Fonte: LODI, J.B. (1973). História da Administração. 2ª Edição. São Paulo. Ed. Pioneira

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