FRAGMENTOS DO MEU LIVRO
Uma “canja” do meu livro Charuto
cubano.
Sobre
literatura
...
CASTRO – E aí,
Oliveira, qual é a sua opinião sobre a literatura? Estávamos aqui comentando
sobre Servos Modernos do Pena (suspende
a cabeça apontando o Pena Filho).
OLIVEIRA – No meu
modo de ver, a literatura é uma fotografia, digamos, é um olhar crítico da
linha de um tempo vivido pelo autor. Dostoievsky acertou quando afirmou que a
literatura, além de ser um espelho das paixões, é um vasto documento humano.
Claro está que o russo não navegava, ele mergulhava no âmago do ser humano.
Enfim, a literatura é um processo educativo. Agora, sobre o seu livro (dirige o
olhar para Pena Filho), em minha modesta opinião, você testifica fatos da nossa
época. Isso é grandioso, pois creio eu ser o papel de um escritor.
...
Sobre
o golpe
OLIVEIRA – E aí, Tião, esteve na passeata contra o
governo?
TIÃO – Ô, Oliveira, meus parentes têm bolsa família,
comprei minha casa e a minha vida melhorou. Tô fora de passeata. Você, por
acaso, viu preto e pobre nas passeatas? Isso tá me cheirando a golpe. Mestre
Oliva, rico não admite trabalhador no poder. Não tenho estudo, mas enxergo
longe. A fome e a mendicância foram a minha escola. Esses branquelos ricos
acham que enganam o povão. Se derrubarem a Presidenta, vamos comer o fígado
deles. Falo mesmo, pois nessa roda só tem cabeça boa. Bom, acho que abri demais
o bico... Vou buscar uma gelada.
AYRAM – Não está cheirando, Tião, é golpe.
...
Sobre
política
...
OLIVEIRA – Também duvido, Vladimir! Quem vive ao lado do
temor nunca será livre. A Presidenta, se conhecesse o Maricá, não estaria nesta
barca furada. O marquês, certa ocasião, afirmou: Quem confia em traidores, a si
próprio se atraiçoa.
CASTRO – Traidores, meus amigos, são anódinos e
oportunistas, e só se revelam no final da fita. Só muda o tempo. Basta
voltarmos à época dos golpes de estado. A história registra tudo, tudo... Ela é
impiedosa. Foi o caso do Elevador Carioca. Aquele era um incendiário de marca
maior, tipo Cícero, ora de um lado, ora do outro, em busca de um consulado.
...
PENA FILHO – Meus amigos, apesar de tudo, ainda acredito
no país. Urge uma revolução silenciosa e não estamos longe dela, penso eu. É
preciso reconstituir a nossa nação.
...
CASTRO - Acham que quem pita um charuto cubano é
retrógrado. Ideias velhas! Eles hão de ver o futuro do mundo capitalista...
Bom, é isto! No final, tem uma surpresa metafísica.
Jaci Alvarenga – Escritor e Professor
Vendas:
https://editoramultifoco.com.br/loja/product/charuto-cubano/
Nenhum comentário:
Postar um comentário