Existem
belas definições sobre educação, mas recorro-me a Madame de Staël para
apresentar-lhes uma definição que faz pensar. Disse ela: Saber sentir: eis aí toda a
educação. Quando ingressei no belo mundo da educação, eu era um simples
neófito e precisava sentir e vibrar, pois o novo descortinava-se à minha frente.
Inicialmente, atuei como conselheiro empresarial para jovens candidatos a
empreendedores. Entretanto, para despertar nos jovens universitários a
importância do empreendedorismo para o nosso país, percebi que era necessário
inovar nas formas de abordagens. Sou um privilegiado, pois freqüentei os bancos
universitários mais de uma vez; portanto, sei da importância em valorizar a
participação dos alunos nos eventos e programas universitários.
Neste contexto, aprimorei e desenvolvi vários
programas voltados para a difusão do empreendedorismo. Entre eles destaco os
seguintes:
1.
Concurso
“Os Melhores Planos de Negócios”. É preciso acenar com a cenoura para o
participante. Sugiro que a premiação seja robusta. Não entendeu? Dinheiro. Todavia,
você vai dizer-me que a sua instituição não possui recursos financeiros para
bancar a premiação. Busque parceiros apoiadores.
2.
Programa
de Milhagem. A luta dos coordenadores educacionais para motivar
a participação dos alunos num evento é algo insano. As instituições de ensino
promovem eventos grandiosos, convidando palestrantes renomados e autores de
artigos científicos para abrilhantar o evento; no entanto, na semana do
evento, bate uma ansiedade taquicardíaca, pois poderá não haver platéia para prestigiar os convidados especiais.
Neste contexto, desenvolvi este programa, cujo objetivo é gerar milhas
(na forma de pontos) para os alunos que participam em cada evento ligado, por exemplo, ao tema
empreendedorismo. Quando ele acumular determinado número de milhas, ganhará um
bônus, do tipo: descontos em cursos de extensão, horas complementares, brindes,
entre outros. O resultado surpreenderá você.
3.
Olimpíada
do Empreendedor. Ao longo do ano, os alunos sofrem nos bancos
escolares. Assim, uma gincana sobre empreendedorismo, durante dois dias, vai
agitar o campus e despertar curiosidade da comunidade acadêmica. Busque
apoiadores para o evento, distribua prêmios, dê equivalência de freqüência e
horas complementares.
4. Consultório
Empresarial. Leitor, se a sua instituição tiver uma incubadora
de empresas, contrate um executivo com vasta experiência profissional para dar
conselhos para os candidatos a empreendedores. O executivo será o clínico geral do mundo dos negócios.
Quando a demanda for específica, por exemplo, finanças, ele se transforma em um especialista (equivalente ao médico
especialista) e resolve o problema do paciente (o empreendedor).
Paralelamente a esta experiência, abracei a instigante
carreira de professor; nela, percebi
que era possível ousar em sala de aula. Você, graduado em Administração
ou você que ainda está nos bancos universitários, imagine uma aula de Teoria
Geral da Administração. Dá um sono só em pensar, não? Pois bem, esta disciplina
é a minha cachaça favorita. Decidi procurar um tira-gosto para acompanhá-la.
Achei-o na forma de um Teatro
Empresarial. Os alunos formam suas equipes, elaboram o roteiro e dramatizam
os conteúdos estudados ao longo do ano. É um momento sublime, de risos e muita
emoção. A criatividade, a originalidade e a inovação brotam de maneira
fantástica.
Mas isto não é tudo. Durante os bimestres, os
alunos efetuam dramatizações rápidas (5 minutos) sobre o conjunto de conteúdos
discutidos em sala de aula. Abaixo, apresento-lhes um pequeno fragmento de uma
atividade efetuada com base num exercício proposto por BATEMAN & SNELL (2004). Após
debatermos todas as teorias clássicas, efetuo um sorteio entre as equipes para
que preparem uma apresentação sobre o seguinte tema: Meu conselho para administrar
empresas ou pessoas nos dias de hoje é...
Cada equipe deve preparar a apresentação,
encarnando um papel, por exemplo: um escravo dos tempos da construção das
pirâmides, Frederick Taylor, Henry Fayol, um empresário do ano 3000, entre
outros. Abaixo, apresento-lhes fragmentos do texto de uma das equipes:
Lembro-me de ir ter ido dormir, logo após o pôr do sol. Não sei como
explicar o que aconteceu, mas quando acordei tudo estava diferente; de acordo
com as pessoas estou o século XXI. [...] estou assustado, não reconheço mais o
mundo de hoje. Tudo está sendo destruído [...]. Onde foi que o mundo se perdeu
tanto?
Os
princípios e os valores não são os mesmos; felicidade só se possui com dinheiro
e bens; o trabalho é mais valorizado do que a família.
Lembro-me do tempo que tínhamos orgulho em servir ao Faraó. Trabalhávamos
sem que um só homem ficasse exausto; íamos para casa com boa disposição [...].
Agradecíamos por mais um dia com a família. E hoje vejo essas empresas
maravilhosas criadas em pouco tempo, com estruturas exuberantes [...] e aos
empregados que a meu ver não passam de maquinas programadas apenas para
determinada função: o lucro.
Essa
será a função do homem no futuro? Perder seus princípios, seus valores, porque
se for isto não quero estar presente. [...].
Sinto muito pelo desabafo, mas é isto, o fim está próximo, o futuro é o
fim, o passado é onde tudo começou só precisamos encontrar o nosso erro e
tentar mudar agora, pois amanha poderá ser irreversível.
Amigas e amigos, provocar reflexões, sentir e
vibrar são os pilares que sustentam e elevam a motivação de milhões de
jovens espalhados pelas salas de aula do nosso imenso país. Eis aí toda a educação.
Abraços,
Prof. Jaci Alvarenga
pt-br.facebook.com/professorjaci
BATEMAN, T. S.; SNELL, SCOTT A. (2004): Administração:
Construindo Vantagem Competitiva. São Paulo: Atlas.